sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Verdadeiro Egito

Durante muito tempo eu realmente acreditei que o Egito era o "mundo" e que ser liberto dele era entrar em uma igreja. Quanto mais o tempo passa mais perto chego de uma conclusão: me lasquei !

Os israelitas e judeus dos tempos de Jesus eram "crentes" fariseus que se gabavam de cumprir a lei e a primeira coisa que se houve do ministério Dele é que veio libertá-los dessa prática "abominável" (Is. 1). O Egito do novo testamento não é o mundo, mas a religião escravizadora que prega o cumprimento de normas e regras camufladas pelo termo "sã doutrina" para tornar o homem mais aceitável a Deus e digno de salvação. Embora engane a muitos durante a vida toda, isso é judaismo, não cristianismo. Quando Saulo percebeu a diferença, cairam as escamas de seus olhos, e ele, do cavalo.

"Pela graça sois salvos, e isso não vem de vós, é dom de Deus.
E não das tuas obras para que não tenhais do que se gloriar". (Efésios 2.8-9)

Eis um "mistério":

No Antigo testamento Israel teve que se "desviar" do caminho convencional para um mais longo mesmo sem compreender. Tudo para que fossem libertos do Egito de maneira mais gloriosa quando Deus (e não os méritos deles) abriram o Mar Vermelho.

As vezes caímos do cavalo pra entender.

Alexandre Unruh

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Silêncio dos Culpados


É engraçado como no Brasil criou-se um mito de que as grandes emissoras de televisão através de seus telejornais vem manipulando a opinião pública de maneira a satisfazer os seus interesses e os principais articuladores dessa acusação são os evangélicos.
Porém, é escandalosa a maneira com que alguns ditos lideres evangélicos, sobretudo os "blockbusters" e "mega-stars" presentes nos meios de comunicação conseguem cegar esses mesmos acusadores. É absurdo, pra não dizer demoníaco, a imoralidade exercida por essa corja à vista de todo mundo. Entorpecidos pela ambição, olvidaram-se do princípio da sabedoria.

Qualquer um que se posicione com uma postura rígida contra essa devassidão escancarada é atacado e censurado por esses mesmos fundamentalistas e puritanos portadores da "mente de Cristo". Nos EUA a igreja sucumbiu em meio a esse mar de falcatruas evangélicas exatamente por omissão de quem devia se manifestar e não o fez. No Brasil, não só estamos sucumbindo como cobrindo a igreja de vergonha num processo irreversível.

É um vírus de podridão que contamina em velocidade assustadora, se alastrando pelas células de defesa do corpo da nação, que são os crentes, pra que depois, sem imunidade da vítima, seu criador possa concretizar seus propósitos. Oprimidos pelo barulho dos protestos infectados dos bancos, a enfermidade se propaga silenciosa sobre os pulpitos. Não há quem ouse recalcitrar contra a voz do povo, presumiu-se há muito tempo que ela seria a voz de Deus.
Não há questionamentos. As fraudes são agregadas a teologia e aos princípios das igrejas que, desapercebidamente, engolem a podridão das comidas estragadas importadas das latas de lixo do tio Sam. Com os ventres saciados, agonizam moribundos.

A moléstia ataca em duas frentes:

Por um lado, os enlatados pentecostais americanos corrompem e deturpam o significado de culto nas igrejas. Rodar, cair e levantar infelizmente deixaram de ser termos debochados das letras dos ritmos nordestinos pra se tornarem a mais nova sensação nos templos. A adoração é supérflua se não houver uma resposta divina que seja explicita e manifesta fisicamente. A liturgia desregrada alegra e dá nova cor ao fundo acinzentado dessa teologia rala. Não há ênfase nos resultados posteriores ao culto na vida dos crentes provenientes dos sermões. O que se busca
desenfreadamente são homens capazes de emocionar e animar os vasos sedentos por azeite, destruindo a inércia. A botija precisa ser cheia até transbordar, nem que para isso se sacrifique a ordem e a reverência. É considerado "bom" o mensageiro que profetiza ao vento, com a platéia desmaiada ao chão. Crente cheio de poder não resiste em pé. Despreza-se a questão retórica: Poder pra quê? Pra fazer outros caírem com imposição de mãos numa bola de neve mega espiritual?
Difícil entender um deus que derruba os ouvintes pra depois falar com as paredes, ou que interrompa seus adoradores enquanto o cultuam.

Por outro lado a teologia da prosperidade surpreende pela ousadia. Não há nada que demonstre mais nitidamente o agir do malígno.
Escândalos e falcatruas desmascarados em rede nacional parecem inexplicavelmente dar ainda mais combustível à síndrome da usura. Os cultos deram lugar as reuniões e os sermões às palestras. Os valores e princípos também foram invertidos: tudo é projetado de cima para baixo e deus cultua os homens com generosidades controversas que desequilibram a balança da ética e da moral. Se fossem removidas do vocábulário dos conferêncistas e cantores as palavras "bênção" e "vitória" talvez se ouvisse em meio a ensurdecedora taciturnidade o bater na porta Daquele que há muito deseja entrar.

No passado, denunciar a corrupção e a imoralidade derrubava cabeças de profetas em bandejas, mas hoje o que se teme é a queda do Ibope e da popularidade. E assim, segue camuflada pelas plumas do medo e da negligência a lepra da cristandade brasileira.

Tudo está dentro da normalidade ! É a vontade de Deus se cumprindo !
Ouve-se ecoar nos bastidores da tolerância dos desnutridos e desinformados.

Fingir-se de cego soa diferente de indiferente!
É a tônica no discurso da consciência dos profetas.

Guardemos silêncio, aguardemos julgamento.
É a realidade da qual ninguém escapará.

Há uma frase antiga, de efeito, e que cabe muito bem aqui:

"A maior astúcia do diabo é fazer o homem acreditar que ele não existe"

Alexandre Unruh

terça-feira, 10 de julho de 2012

O Poder Devastador da Gratidão


O pai ordena ao jovem filho: Amanhã, quando voltar quero esse quintal capinado e limpo, senão, você irá apanhar.
No dia seguinte, o jovem levanta-se pela manhã e dá início ao árduo serviço. Decorrida cerca de uma hora, aparecem no portão alguns amigos e o convidam para uma animada partida de futebol. Após alguns segundos de hesitação o rapaz recusa a oferta, desencorajado pela lembrança do tamanho das fivelas dos cintos do pai. Os amigos se vão e ele continua o labor.
Um novo grupo de amigos se aproxima alguns minutos depois e lhe fazem uma proposta ainda mais tentadora: que tal irmos aquele passeio ao Shopping Center.

O jovem agora se sente mais tentado, chega a largar o pesado cabo da enxada, mas recua. Os demais insistem: pagamos sua passagem, que tal? Mas apanhar do velho não é muito agradável, a resistência permanece. Os garotos se vão. O jovem volta ao trabalho, mas sua mente está no mundo dos campos de futebol e Shopping Centers, parece que apesar de capinado, o quintal não vai ficar muito bonito ao final do dia. Um sentimento de revolta começa a se apossar dele: “que velho chato” – pensa o rapaz.

Finalmente um grupo convincente se aproxima. A proposta agora é praticamente irrecusável: “Lembra-se daquele parque? Estamos indo todos pra lá. Pagamos sua passagem, sua entrada e sua refeição, será muito divertido, que tal?” O garoto joga a enxada metros de distancia. O pensamento é o seguinte: Ta na hora de eu enfrentar aquele velho, afinal, quem ele acha que é? Que vai me dar ordens para sempre?
Ele coloca na balança as alternativas e chega a conclusão: chance como essa eu não terei novamente, não posso desperdiçar. Vale apena enfrentar o velho numa situação dessas, mesmo que me custe alguns bofetões. Estou disposto a suportar.

Infelizmente essa parábola reflete a realidade de grande parte das igrejas evangélicas no Brasil. Crentes sujeitando-se a vontade de Deus por que são ameaçados pelo castigo. Suas debilidades são facilmente lançadas no ventilador. Instaura-se um relacionamento induzido e falso entre os cristãos e seu Pai, onde os filhos fazem o que o pai ordena, em troca não apanham. Os pregadores, dessa forma, desprezam o poder da cruz de Cristo, subestimam seu perdão e misericórdia, trocando a verdade do evangelho, arrastando os fiéis a um relacionamento fundamentado na antiga aliança.

O antigo testamento só deveria ser entendido a luz do novo, mas não é isso o que se vê. As pessoas continuam tentando se justificar diante de Deus no cumprimento da lei. Pela lei são salvas, e isso vem delas, não pela graça, para que possam se gloriar. Mas a “Escritura’ é clara quando afirma em Hebreus cap. 7 que a lei é incapaz de aperfeiçoar o homem. Aliás, chegamos a conclusão depois de certas experiências que não existe nada capaz de transformar o comportamento de uma pessoa em relação a outra, exceto o sentimento de gratidão. Aquele jovem rapaz da parábola foi ameaçado pelo pai, e por isso (não por sinceridade) começou a executar suas ordens. Mas havia um problema: Ele queria sair, trabalhar ele não queria. O serventilismo conseqüente da ameaça pode e , esporadicamente, acaba produzindo alguns resultados na vida dos ameaçados.

São pessoas que esquivam-se do pecado como podem, mas apenas pelo medo de suas conseqüências, sejam elas devastadoras em suas vidas ou apenas expostas nos púlpitos das igrejas. Não importa o conteúdo da falta, ninguém gosta de ser exposto. O problema é que no fundo, no fundo, elas queriam pecar. Sua natureza continua pecaminosa, não houve transformação interior. Nesse ponto, nem a lei, os mandamentos ou qualquer ordenança, seja de que natureza for, pode atuar. Homens e mulheres não mudam mediante uma disciplina baseada em regras de comportamento ou no medo, isso é fato. O pecado contrastado pela obrigatoriedade vence pela insistência. A própria escritura diz que o verdadeiro amor lança fora todo o medo. Há uma desenfreada confusão dos valores bíblicos fundamentada em versículos isolados e carentes de hermenêutica. Confunde-se freqüentemente “temor do Senhor” com “terror do Senhor”. Temor é um respeito reverente a soberania de Deus, submeter-se a Sua vontade sem murmurar, e não medo de seu implacável chicote pronto a castigar o primeiro que errar.
Confunde-se “exortação” (que significa motivação e aconselhamento) com “repreensão” (1 Tm 5.1). Usam Apocalipse 3 para afirmar que Deus castiga e disciplina a todos quem ele ama.
A pergunta então passa a ser: Aquela carta foi direcionada somente aos crentes da igreja de Laodicéia? Óbvio que não! Então foi direcionada a todos nós? E a resposta permanece: é óbvio que não!
A carta foi destinada a todas as igrejas que estiverem nas mesmas condições de Laodicéia, entendendo-se:
Que Jesus estava do lado de fora dessa igreja, pois logo em seguida ao versículo referente à necessidade do castigo e da disciplina diz: Eis que estou às portas e bato...
Que a igreja não precisava de Jesus, pois se dizia abastada e rica, mas aos olhos do Mestre, ela era miserável, pobre, cega e nu. Sua nudez (da alma) carecia de vestiduras cristãs, pois sua aparência era podre e repugnante. Sua cegueira impedia de ver o quanto seus seguidores dependiam de Cristo para salvação, e não de seus orgulhos.

Se a igreja onde congrego com meus irmãos está nessa condição, a carta de Laodicéia é uma realidade inevitável a ser pregada. Porém, se Jesus está do lado de dentro, devemos deixar de duvidar da ação transformadora do Espírito Santo de Deus e passar a crer que “Aquele que começou a boa obra em nós há de nos aperfeiçoar até o Dia do nosso Senhor”. Somente assim Ele agirá, mudando a natureza dos crentes, quando formos gratos e não obrigados.
Se a lembrança do jovem rapaz fosse a de um Pai compreensivo, que não é instável em seu caráter mediante suas falhas, de alguém que demonstra um amor visível , e não de um pai castigador e implacável, dificilmente ele cederia a tentação, e executaria o trabalho sem vacilar. A obra obrigatória é mal feita.

Quem tenta fazer a vontade de Deus por obrigação pode até resistir a tentação vez ou outra, mas em breve cederá, pois o pecado invariavelmente é prazeroso, ao contrário da ordenança que não o é. Porém a gratidão de uma pessoa pode transformar sua natureza. O trabalho não é penoso para quem é grato, e quando contrastado pela tentação, ele facilmente equilibra a balança.
É difícil amarmos até mesmo pessoas que nos rodeiam e fazem parte de nosso cotidiano, quanto mais a um Deus sem misericórdia, abstrato e distante.

A mensagem do evangelho a ser pregada deve gerar gratidão e não medo. Filhos gratos são constrangidos a errar menos e invariavelmente tornam-se amorosos e compreensivos. A casa onde vivem filhos gratos sequer carece de correção e disciplina diárias, pois sua natureza consiste em fazer a vontade do pai prazerosamente, e na maioria das vezes, na ausência de qualquer ordenança.
Quem vive pregando castigo e ameaça, vai precisar sempre corrigir seus seguidores, mas se Jesus estiver do lado dentro, seu Espírito estiver agindo nos corações e os crentes acreditarem que Ele está transformando suas vidas, poder-se-á ouvi-lo dizer: “Minhas ovelhas ouvem minha voz e me seguem”, e não “apanham de mim e por isso me seguem”.
Ao contrário do que se pensa o perdão não traz liberdade pra pecar, mas constrange a amar quem concede graça. Quando entendemos isso, somos quebrantados, tornamo-nos sinceros, fazemos com prazer.

Que preguemos mais o amor, semeemos mais a Graça, nos apaixonemos mais por Cristo e acreditemos mais no poder devastador da gratidão.
Fiquem todos na paz.

Alexandre Unruh

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Por que as igrejas não crescem?


Crescei na "graça e no conhecimento". (2 Pedro 3.18)
O que difere a igreja evangélica da romana (ou pelo menos deveria diferir)?
Certamente não é o uso de imagens de escultura ou a idolatria em si. Os romanos católicos podem pagar até centenas de reais para levar um ídolo aos seus altares e se prostrarem diante dele. Os evangélicos, hoje em dia, pagam milhares de reais para ter seus ídolos pregando ou cantando em seus púlpitos, e alguns não só se ajoelham, como chegam até a plantar bananeiras diante deles.
Também não é o batismo infantil, tendo em vista que grande parte dos batizados nas igrejas evangélicas no Brasil de hoje sequer fazem idéia do verdadeiro significado do batismo, acreditando ser simplesmente uma "virgula", onde antes Deus não levava em conta e que, de hoje em diante, levará. A idéia é a seguinte: Após o batismo tudo o que você fizer pode e será usado contra você no tribunal (ou nos púlpitos). Grande parte dos batizados evangélicos ainda são "crianças" espirituais.
Purgatório para o catolicismo fica em algum lugar entre a terra e o céu. Em grande parte das igrejas evangélicas fica entre o pecador e a comunhão.
O que realmente deveria divergir era o princípio do evangelho, ou o fundamento, como o apóstolo Paulo chamou, o qual ninguém pode (ou poderia) mudar: A salvação pela graça, e não pelas obras.
Infelizmente a maioria das igrejas evangélicas no Brasil ainda são meio pelagianas nesse ponto, não assumidamente, é óbvio. Não se prega salvação pelas obras nos púlpitos (ou pelo menos não abertamente), mas no fundo, no fundo, é exatamente isso que todos tem bem definido em suas mentes. Daí a razão das contendas, desamor, falsidade e assim vai...
Afinal, se a salvação é pelas minhas obras, se eu me salvo, eu tenho que me destacar. Jesus disse que a luz brilha em meio as trevas. Então, seguindo esse raciocínio, oras, que apareçam as trevas e minha luz brilhará. Como podem me achar bonito se não houver nenhum "feio" por perto pra compararem? E como verão que sou inteligente se não houver um "ignorante" por perto? Como poderei destacar minha "santidade" dentro de uma igreja e assim, ter certeza que sou "escolhido"? Fácil: apontando o dedo para as falhas dos demais, jogando suas debilidades no "ventilador".
Pior ainda, são os do púlpito. Com certeza tem que fazer valer suas posições, e nada melhor que "descer o cajado" na igreja, assim ficam visíveis suas qualidades. O pregador fariseu prega a obrigação através da ameaça do castigo. O cristão prega o amor, que gera a gratidão. O pecado prazeroso vence a religião da obrigatoriedade, mas jamais vencerá a fidelidade da gratidão. As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem (prazerosamente), e não "apanham de mim e por isso me seguem" !
Muitos acabam se esquecendo que "AQUELE que começou a boa obra há de nos aperfeiçoar" e que o barro não pode tornar-se vaso a não ser pelas mãos do oleiro, sua única virtude (se for realmente virtude) é ser maleável.
As igrejas não crescem porque Deus ainda está do lado de fora, e não vai entrar enquanto o homem achar que pode se salvar, se aperfeiçoar, e pior, aperfeiçoar o próximo. Ora, se somos capazes realmente de fazer tudo isso, pra que Deus?
Não crescem pois não aceitam o fato de que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus, que não há um justo sequer. Não aceitam que a única diferença entre os que estão das portas do templo pra dentro em relação aos que estão nos prostíbulos, bares, cadeias e pontos de tráfico de drogas é a "Graça" e não seus próprios feitos. Não entendem que se Deus olhasse diretamente pra nós, sem o filtro ocular da cruz e dos méritos de Cristo (e não dos nossos) seríamos todos consumidos.
Oxalá entendêssemos que estamos no mesmo patamar, que precisamos realmente uns dos outros, que somos falhos e estamos em construção pelo Espírito Santo. Que seguir normas e regras é fácil, mas, embora tenha resultados visíveis, não nos aperfeiçoa, é somente um desodorante para o corpo. O cristianismo é mais do que isso, transforma a nossa natureza, o odor do corpo. Como disse Yancey: A igreja não cresce porque não tem "graça", e nem conhecimento.
Aprende-se o que pode e não pode fazer, mas não os fundamentos da fé, no qual deveríamos ser alicerçados.
A igreja não cresce porque sua oração é: Deus, mude o que está lá fora! E deveria ser: Deus, mude o que está aqui dentro.
Ricardo Gondim citou: O homem amado por Deus não tem nenhum valor em si. O que lhe atribui algum valor é o fato de Deus amá-lo.
Enfim, não cresce porque não entende que santidade é fruto de comunhão com Deus, não o contrário. Porque não entende quando lê: "Salvação é pela graça mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus, não por obras, para que ninguém se glorie.

Alexandre Unruh